QUAL A VISÃO FUTURA PARA O ALGODÃO NO MARANHÃO?

Eleusio Curvelo Freire – Cotton Consultoria

O Maranhão possui 23,9 milhões de hectares de cerrados incluídos na grande região do MATOPIBA, dos quais existe a perspectiva de serem explorados a médio e longo prazos aproximadamente 30% destas áreas o que corresponderia a  7,17 milhões de  hectares de áreas para exploração do agronegócio, quer seja para a produção agrícola (grãos e fibras), pecuária, florestas ou sistemas integrados (Integração lavoura pecuária –  ILP ou Integração Lavoura pecuária e Florestas – ILPF), incluindo-se também exploração de peixes ou Aquicultura.

Desta grande área de solos com aptidão agrícola e pecuária, na safra 2020/21 foram plantados 1,608 milhões de hectares no Maranhão, portanto o Estado ainda tem um potencial de crescimento de pelo menos 445% o que coloca o Maranhão como a maior fronteira agrícola ainda disponível para crescimento no Brasil.

Com relação ao algodão, na safra 2020/21, no Maranhão, foram plantados 25.500 hectares obtendo-se a média de 290 @/ha, porém uma série de bons indicadores indicam que podemos ter uma visão prospectiva, muito otimista para o algodão no Maranhão. Estes indicadores positivos são os seguintes: A Fazenda Parnaíba atingiu na safra 2020/21 a média de 322 @/ha numa área de 12.800 ha cultivados e com muitos lotes ultrapassando a média de 400 @/ha;  A perspectiva de exportação de pluma de algodão pelo porto de Itaqui, encurtando as distancias para a Europa e Ásia também representam um estímulo a mais para os empresários da cotonicultura; A incorporação pelas fazendas produtores de algodão do sistema de ILP, onde o sistema utilizado será plantio de Soja safra,  seguido de milho + braquiária na safrinha e, engorda de gado sobre estas áreas de braquiária, utilizando os resíduos das lavouras de soja, milho e algodão e, com o plantio de algodão sobre as áreas de pastejo na safra seguinte, em rotação com o sistema ILP; criou-se uma perspectiva de obtenção de maior rentabilidade e maior sustentabilidade aos sistemas usados nas fazendas. A implantação nas fazendas de algodão, de biofábrica para produção de bioinsumos agrícolas, na própria fazenda, abrirá a perspectiva de redução do consumo de defensivos agrícolas e dos custos de produção, além de melhoria da imagem e da sustentabilidade das fazendas.

Por todos estes indicadores as projeções da Embrapa e da Cotton Consultoria, que há anos, estimaram que o Maranhão poderia expandir a área plantada com algodão, a curto prazo, para 50.000 ha e a médio prazo para até 200.000 ha, são uma visão prospectiva muito viável de ser atingida. E quais os benefícios esperados com esta expansão, quando atingirmos os 200.000 hectares plantados? Seriam a implantação de pelo menos 10 algodoeiras de grande porte ou 20 de médio porte; aquisição pelos produtores de pelo menos 25 aviões agrícolas e 40 pulverizadores jato propelido e 36 colheitadeiras novas de algodão. A expansão do algodão agregaria pelo menos 200 novos empregos especializados e bem remunerados.

Mas outros aspectos que vale a pena destacar são os seguintes: melhoria da rentabilidade em pelo menos 60 fazendas, que teriam sua rentabilidade duplicada pela maior retorno obtido com a cultura do algodão; estas fazendas teriam suas produtividades de soja, milho e algodão melhoradas pela rotação de culturas e maior uso de tecnologias incorporadas pelas fazendas de algodão, como Manejo Integrado de Pragas e Doenças – MIP e MID; melhoria geral da rentabilidade e sustentabilidade das  fazendas pelo uso da ILP; maior volume de venda pelos fornecedores de máquinas e insumos e, maior arrecadação de impostos oriundos, do empregos gerados e produtos consumidos no comércio.

É claro que para se atingir esta expansão, os indicadores positivos apontados anteriormente e outras melhorias, devem ser buscados pelos produtores de soja que desejam introduzir a cultura do algodão em suas atividades. Entre as quais recomendamos as seguintes: 1 – Procurar adquirir conhecimento sobre a cotonicultura empresarial, através de sites de consulta na internet, incluindo os da AMAPA – Associação Maranhense dos produtores de Algodão, da ABRAPA – Associação Brasileira dos Produtores de algodão, da CONAB, da Fundação Bahia, do IMA-MT, do IGA-GO, da Fundação MT, da EMBRAPA, da ABAPA, da ANEA – Associação nacional dos Exportadores de Algodão, do IBA – Instituto Brasileiro do Algodão, além dos sites das outras associação de produtores de algodão – ACOPAR, AMPASUL, APIPA, AMPA, AMIPA, APPA-SP.

2 – Procurar assistir dias de campo presenciais ou disponibilizados na internet pela AMAPA, ACOPAR, APIPA, FUNDAÇÃO BA.

3 – Procurar visitar uma fazenda produtora de algodão do Maranhão (Parnaíba, Palmeira, Planeste ou Florida) ou de Estados vizinhos (Piauí – Canel e Progresso; Bahia – Warpol, São Francisco, Sete Povos, fazendas dos grupos Horita e Mizote) para tirar dúvidas e trocar ideias.

4 – Assistir os eventos programados para a safra 2021/22 com a cultura do algodão, incluindo dias de campo, workshop, congressos, cursos;

5 – Procurar contratar equipe de técnicos, operadores e gerentes com experiência em algodão e; negociar o beneficiamento de seu algodão em algodoeira de parceiro, arrendada ou adquirida.

6 – Adquirir conhecimento sobre a negociação da pluma e do caroço de algodão, que são commodities e a semelhança de soja, podem ser negociadas antecipadamente nos mercados interno e externo.

Por fim três últimas mensagens. A lavoura do algodão diferentemente da soja e do milho, exige o uso de produtos específicos, incluindo colheitadeira, reguladores de crescimento, desfolhantes, herbicidas e máquinas específicas para destruição das soqueiras, que deve ser concluída em prazo definido por legislação estadual, como uma estratégia de convivência com o bicudo do algodoeiro, que é a principal praga da cultura. A fibra do algodão é comercializada baseando-se em análises efetuadas em HVI, que é um aparelho que analisa pelo menos nove características das fibras e que podem resultar em ágios ou deságios, pela qualidade obtida.

Os mercados nacional e internacional de algodão estão abertos e em expansão para o produto nacional obtido no cerrado, com boas perspectivas de preços para o algodão nas próximas safras e com rentabilidade superior as do milho e da soja. O produtor de algodão do Maranhão terá o apoio da AMAPA, que acompanha as lavouras com sua equipe técnica e consultoria, e da ABRAPA, para o apoiar na comercialização e defesa dos seus interesses.

CONSULTAS:

AMAPA. https://amapa-ma.com.br/boletim-tecnico-anual/informativos

AQUILES, EMIR. Governo do Maranhão realiza abertura do Ano Agrícola para safra 2020/21. https://maranhaohoje.com/governo-do-maranhao-realiza-abertura-do-ano-agricola-para-safra-2020-21/

MAPA. Governo Federal. Região do MATOPIBA será lançada oficialmente em Luiz Eduardo Magalhães. https://www.novoeste.com/pages/destaque/print.php?id=14488

PEDROSA. R. Área plantada do Matopiba alcançará 8,9 milhões de hectares até 2030. Piauí Negócios. 2021. https://www.pinegocios.com.br/noticia/342-Area-plantada-do-Matopiba-alcancara-8-9-milhoes-de-hectares-ate-2030.

Matéria produzida especialmente para a Revista Nosso Estilo, edição dezembro 2021.

Baixe a revista completa – https://amapa-ma.com.br/wp-content/uploads/2021/12/REVISTA-NOSSO-ESTILO-01_compressed.pdf

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