Na safra 2022/2023 as fazendas produtoras de algodão associadas da AMAPA, plantaram em uma área de cultivo cerca de 27.000 mil hectares de algodão, estão mais relacionadas com variedades que melhor se adaptem ao solo e ao clima na nossa região. Nesse cenário, as áreas experimentais tem contribuído muito com informações sobre sistemas de rotação com soja, milho, algodão e plantas de coberturas, gramíneas ou leguminosas.
Um dos desafios enfrentados são plantar variedades corretas, com sementes com alto vigor de germinação, com espaçamentos adequados, respeitando a época de plantio (chuvas), sendo assim, teremos meio caminho andado para obter ótimos resultados. Não somente as variedades, mas as tecnologias de manejo também têm contribuído para a boa produtividade regional.
A Associação Maranhense dos Produtores de Algodão – AMAPA em parceria com produtores locais e entidades de pesquisa, vem avaliando nas ultimas 03 safras o comportamento de cultivares de algodão em áreas do cerrado nos Estados do Maranhão e Tocantins. Foram implantados nessa última safra 2022/2023, 07 campos experimentais distribuídos por 4 regiões – Serra do Penitente (fazendas Palmeira – SLC Agrícola, Nova Holanda – Sierentz, Carolina – Ribas Taques (Evoterra) – Gerais de Balsas (fazenda Flórida – Uniggel Sementes, Sol Nascente – FAPCEN e Guaíra – Condomínio Pugliesi (Evoterra) e Serra do Centro (fazenda Cabeceira Verde – Uniggel Sementes), – com uma área representativa de 74 hectares plantados com algodão safra com os seguintes materiais : FM 906 GLT, FM 911 GLTP, FM 912 GLTP, FM 944 GL, FM 970 GLTP, FM 974 GLT, FM 978 GLTP, TMG 21 GLTP, TMG 22 GLTP, TMG 30 B3RF, TMG 31 B3RF, TMG 44 B2RF, DP 1746 B2RF, DP 1866 B3RF, DP 1949 B3RF, IMA 2106 GL, IMA 5542 GLT, IMA 5801 B2RF, BRS 500 B2RF E BRS 600 B2RF, onde foram avaliadas fenologia da cultura, comportamento de pragas e doenças, características de fibras das cultivares de ciclo médio precoce, médio e tardio, conduzidos pela equipe técnica AMAPA, associados, empresas terceiras, obtentoras e Cotton Consultoria.
Desde a safra 2019/2020 a AMAPA com a colaboração de vários parceiros, como consultorias, empresas obtentoras de cultivares, empresas produtoras de sementes e associados, tem avaliado as cultivares de algodoeiro disponibilizadas no mercado, visando identificar as mais produtivas, adaptáveis e de maior rentabilidade e qualidade de fibras, para informação aos produtores.
METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO NOS EXPERIMENTOS AMAPA
Fazenda Palmeira (SLC Agrícola) – Serra do Penitente
Foram plantados 10 hectares de algodão em janela de algodão safra na segunda quinzena de dezembro, com 15 variedades distintas de ciclos precoce e médio tardio com espaçamentos 0,90 cm, população entre 9/10 sementes/m. A sequência de plantio foi de acordo com as empresas fornecedoras das sementes, BASF, J&H, TMG, IMA e EMBRAPA com manejo da fazenda. As cultivares de cada empresa obtentora foram as seguintes:
– BAYER/J&H: DP 1746 B2RF, DP 1866 B3RF e DP 1949 B3RF;
– BASF: FM 906 GLT, FM 912 GLTP, FM 944 GL e FM 978 GLTP;
– TMG: TMG 21 GLTP, TMG 22 GLTP, TMG 30 B3RF, TMG 31 B3RF e TMG 44 B2RF;
– IMA: IMA 5542 GLT;
– EMBRAPA: BRS 500 B2RF e BRS 600 B2RF.
Os ensaios buscam identificar cultivares superiores quanto a produtividade, sanidade e qualidade da fibra. Os dados gerados permitem que futuras cultivares também tenham suas indicações de uso para outros estados, contribuindo para a conquista de avanços na produção.
Os ensaios foram avaliados diariamente e conduzidos de forma eficiente – os ataques de pragas e danos causados por fungos foram poucos. Os resultados da colheita se consolidaram na média das 330 @/hectare.
Fazenda Carolina (Ribas Taques) – Serra do Penitente
Foi plantado 1 hectare nessa fazenda na primeira semana de janeiro com as seguintes cultivares: FM 911GLTP; FM 978 GLTP, TMG 21 GLTP, TMG 31 B3RF; esses materiais foram implantados sobre resteva de milho, em área subsolada com espaçamentos entre linhas de 1 m. Conforme o amadurecimento das cultivares de soja semeadas no entorno do campo experimental, notamos um aumento migratório de mosca branca /ninfas Bemisia tabaci de até 20 ninfas por folha no estágio vegetativo da cultura. Observamos também alta infestação do bicudo do algodoeiro Anthonomus Grandis entre 3 a 7 por metro, demandando assim um número significativo de pulverizações para o controles das pragas. Não foram observados níveis altos de severidade da doença causada por Ramularia aréola. Os resultados da colheita se consolidaram na média das 328 @/hectares.
Adubação manejo fazenda
300Kg ha-1MAP (33Kg ha-¹ N+156Kg ha-¹ P2O5) pré–semeadura;
50Kg ha-¹ PROF MIB 77 (3%S + 2,5%B + 1%Cu + 10%Mn + 0,1%Mo + 7%Zn) pré–semeadura;
300Kgha-1KCL (180Kg ha-¹ K2O) pré–semeadura;
300Kgha-1 Ureia (81Kg ha-¹ N) pré–semeadura;
260Kgha-1Ureia (119,6Kg ha-¹ N) aos 25 DAE;
150Kgha-1Ureia (69Kg ha-¹ N) aos 35 DAE;
Fazenda Nova Holanda (Grupo Sierentz) – Serra do Penitente
Nessa fazenda foram plantadas 02 variedades de ciclo médio tardio e uma de médio precoce, ao todo foram 50 hectares de teste em área comercial. Os materiais foram FM 978 GLTP e o TMG 31 B3RF, todos com manejo padrão fazenda, com espaçamentos 0,90 cm, plantados na segunda quinzena de dezembro.
A semeadura do algodão foi feita com semeadeira tratorizada, que é o método mais adequado e recomendado. A rotação de culturas em seu pré-plantio ajuda na melhor estruturação do solo e, consequentemente, melhor drenagem. Essa técnica também irá auxiliar a reduzir os custos com pragas e doenças da cultura. A unidade optou por espécies de fácil condução e alta produção de matéria seca, quando falamos em plantas de coberturas, onde se priorizou as espécies pouco hospedeiras de pragas, doenças e nematoides. Os resultados da colheita se consolidaram na média das 350 @/hectares.
Fazenda Flórida e Cabeceira Verde (Uniggel Sementes) – Gerais de Balsas e Serra do Centro TO
Nestas unidades foram semeados 12 cultivares de algodão na primeira semana de janeiro, em 12 hectares no total entre as duas fazendas, com espaçamento 0,90 cm, população 8/9 sementes/m, manejo da fazenda – variedades:
– BAYER/J&H: DP1746 B2RF e DP1949 B3RF;
– BASF: FM 944 GL, FM970 GLTP, FM 974 GLT e FM 978 GLTP;
– TMG: TMG 21 GLTP, TMG 22 GLTP, TMG 30 B3RF, TMG 31 B3RF e TMG 44 B2RF;
– IMA: IMA 2106 GL;
O plantio foi efetuado dentro da janela de algodão segunda safra “safrinha” por motivos de operacional e clima. Os ensaios foram monitorados diariamente em parceria com associada e empresas parceiras.
Para os ensaios da fazenda Flórida não se conseguiu realizar a colheita no final por problemas operacionais. Os resultados da colheita se consolidaram na média das 298 @/hectares.
Fazenda Sol Nascente (FAPCEN) – Balsas – MA
O experimento foi plantado em duas etapas – uma na 2ª quinzena de dezembro – 15/12/2022 (algodão safra), variedade FM 978 GLTP RM com espaçamentos de 0,90 / 9-10 plantas por metro na população e a outra na 2ª quinzena de janeiro – 20/01/2023, variedade FM 911 GLTP, espaçamentos de 0,76 cm / 9-10 plantas por metro em ensaios separados. A área experimental de 30×30 mts foi conduzida pela equipe técnica da AMAPA, apoio da fazenda e consultoria especializada da AMAPA.
Um dos principais fatores relacionados à baixa produtividade de algodão é a acidez do solo, principalmente em função da sensibilidade da planta ao alumínio e pelo sistema radicular limitado.
Dessa forma, a correção do pH do solo utilizando a calagem e a neutralização do alumínio presente na CTC por meio da gessagem são duas técnicas fundamentais para garantir uma alta produtividade na lavoura de algodão.
A adubação do algodoeiro foi realizada em 3 épocas, sendo elas pré-plantio, plantio e cobertura. A adubação pré-plantio facilita o manejo da cultura, já que aumenta o rendimento da operação de semeadura, sendo comumente usada para o fósforo. Para nitrogênio e potássio, pode-se realizar os 3 tipos de adubação. O mais seguro é a utilização da adubação de plantio mais o parcelamento da cobertura. Os resultados da colheita safra se consolidaram na média das 304 @/hectares e a safrinha teve média de 274 @/hectares.
Fazenda Guaíra (Condomínio Pugliesi) – Gerais de Balsas
Na unidade foram plantados 04 variedades para observar o comportamento de cada um, avaliando resistências a pragas e doenças, produtividade, fertilidade e manejo geral como um todo. As Cultivares são: FM 978 GLTP; TMG 21 GLTP; TMG 31 B3RF; IMA 5801 B2RF, foram semeados no dia 29/12/2022, com área subsolada de palhada de milho safra, espaçamento: 0,90 m
Adubação manejo fazenda: 300 Kg ha-1 (MAP 10-46-00) na linha 150 Kg ha-1 (KCL 60%) pré-semeadura 200 Kg ha-1 (NK 30-00-20) aos 10 DAS 200 Kg ha-1 (NK 30-00-20) aos 25 DAS 30 Kg ha-1 (MIB) pré-semeadura.
Não foi observado ocorrência de bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis) na área do teste, houve ocorrência de mosca branca (Bemisia tabaci) em maior intensidade durante a condução do teste, não foram observados níveis consideráveis quanto à severidade da doença causada por ramularia aréola. Essa área de experimento foi de apenas 1 hectare dividido entre os 04 materiais. Os resultados da colheita se consolidaram na média das 347 @/hectares.