Os produtores de algodão brasileiro receberam a notícia da abertura do mercado egípcio com otimismo. É que, após 17 anos de negociação, o Egito definiu as exigências fitossanitárias para liberar a importação da pluma brasileira. Caracterizada por demandar uma fibra de alta qualidade, a indústria têxtil egípcia importa atualmente cerca de 120 mil toneladas por ano.
O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel ressaltou que o algodão brasileiro tem qualidade para atender a mais este mercado. “Nossa pluma hoje tem qualidade compatível com a de países como Estados Unidos e Austrália. A produção brasileira é responsável e transparente e está pronta para atender o Egito”, comentou.
As exigências sanitárias feitas pelo governo egípcio são usuais para o mercado brasileiro. “É preciso atestar que há controle do bicudo do algodoeiro e comprovar como é feito o tratamento de resíduos durante a produção agrícola”, informou Cesar Simas Teles, adido agrícola do Mapa na Embaixada do Brasil no Cairo.
Mensurar o volume a ser negociado entre Brasil e Egito é ainda arriscado: não há referência histórica de comparação. “Alguns agentes de mercado falam que o algodão brasileiro pode absorver de 20% a 25% do volume anual importado pelos egípcios (120 mil tons), mas sem base estatística”, observa Teles.
Schenkel está confiante. “Atualmente, o Brasil tem condições de atender o volume que for necessário”, endossa. O otimismo explica-se pelos bons resultados de um programa de promoção e desenvolvimento de mercados realizado pela Abrapa, chamado Cotton Brazil.
“De 2020 para cá, mantemos uma agenda permanente de ações, eventos e comércio com China, Vietnã, Paquistão, Turquia, Bangladesh, Indonésia, Coreia do Sul, Tailândia e Índia e agora vamos incluir o Egito”, revelou o presidente da associação.
Realizado em convênio com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e em parceria com a Associação Nacional Exportadores de Algodão (Anea), o Cotton Brazil opera hoje a partir do escritório de representação em Singapura. Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa e responsável pelo programa, já está com o Egito no radar.
“Estamos em diálogo com o Mapa para que mais esse mercado possa ser inserido nas nossas ações. Já estamos planejando ir ao Egito para fazer a promoção do nosso produto, pois o Brasil tem condições para ser um importante fornecedor para a indústria têxtil egípcia, que terá um grande salto nos próximos anos”, afirma Duarte.
Novo mercado. A abertura do mercado egípcio para o algodão brasileiro vem sendo trabalhada desde 2006 pelo Mapa. “Tem sido um processo longo de negociação, que envolveu não apenas o Mapa como também o Ministério de Relações Exteriores (MRE). Ainda temos questões em detalhamento, mas já podemos considerar esta notícia o início de um novo ciclo para os dois países”, analisou Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).